Fratura atípica de fêmur ocorre sem trauma e é comum em pacientes com osteoporose e uso prolongado de bisfosfonatos. Identifique sinais precoces!
Suspeita Clínica
Em pacientes com uso prolongado de bisfosfonatos que apresentam queixa de dor progressiva, deve-se considerar a possibilidade de fratura atípica de fêmur.
Essas fraturas são atraumáticas e surgem na região lateral da diáfise femoral, frequentemente associadas a espessamento periosteal, como evidenciado na radiografia abaixo.
Quais são os fatores de risco para fratura atípica de fêmur?
- uso prolongado de bisfosfonatos (especialmente > 5-8 anos)
- etnia asiática
- uso de corticoides
- maior peso e menor estatura
Esses fatores aumentam o risco de fraturas atípicas, masnão são exclusivas de pacientes com essas características.
Como diagnosticar a fratura atípica precocemente?
Até 70% dos pacientes apresentam dor por semanas ou meses antes da fratura ocorrer.
Essas fraturas podem ser inicialmente incompletas, com progressão para fraturas completas.
Além disso, 63% das fraturas são bilaterais, reforçando a necessidade de solicitar imagens contralaterais.
Qual é a relação entre risco e benefício do uso de bisfosfonatos?
Apesar do risco de fraturas atípicas, os bisfosfonatos previnem muito mais fraturas do que as causam, especialmente nos primeiros anos de uso.
Por isso, seu uso deve ser avaliado com cautela, mas sem deixar de considerar os benefícios.
Como manejar a fratura atípica de fêmur?
O manejo inclui quatro passos principais:
- Suspender o bisfosfonato.
- Repor cálcio e vitamina D.
- Realizar intervenção ortopédica em caso de fratura completa ou incompleta com sintomas.
- Considerar o uso de teriparatida.
Não saia sem saber
- Lembre-se da fratura atípica de fêmur em pacientes em uso prolongado de bisfosfonatos.
- Ao diagnosticar uma fratura atípica de fêmur, mesmo que incompleta, é fundamental suspender o uso dos bisfosfonatos.
- Embora exista esse risco, os benefícios dos bisfosfonatos superam as possíveis complicações e devem continuar sendo prescritos quando houver indicação.
Para saber mais
No episódio 102, nosso foco foi sobre diagnóstico e o manejo correto da doença:
E no pisódio 245, trazendo 5 novas clinicagens para apronfundar ainda mais no tema.
Referências
- KHAN, Aliya Aziz; KAISER, Stephanie. Atypical femoral fracture. CMAJ, v. 189, n. 14, p. E542-E542, 2017.
- BLACK, Dennis M. et al. Atypical femur fracture risk versus fragility fracture prevention with bisphosphonates. New England Journal of Medicine, v. 383, n. 8, p. 743-753, 2020.
- TILE, Lianne; CHEUNG, Angela M. Atypical femur fractures: current understanding and approach to management. Therapeutic Advances in Musculoskeletal Disease, v. 12, p. 1759720X20916983, 2020.