
Entenda quando retirar um cateter venoso profundo por suspeita de infecção. Avalie as condições clínicas e saiba os cuidados necessários em cada situação.
Quando é necessário retirar?
A remoção depende de diversos fatores, incluindo o tipo de cateter e a condição do paciente.
Avaliar se o cateter é de curta ou longa duração é o primeiro passo para decidir a conduta.
Cateter de curta duração | Cateteres não tunelizados, como o cateter venoso central e o utilizado para hemodiálise (Shilley), são de curta duração. Estes dispositivos são mais propensos à remoção em caso de infecção |
Cateter de longa duração | Cateteres tunelizados, como o permcath e o portocath, possuem um túnel que ajuda a prevenir infecções, aumentando sua durabilidade. A remoção nem sempre é imediata, especialmente em acessos difíceis |
Como confirmar a infecção no cateter?
Para confirmar a infecção relacionada ao cateter, deve-se coletar dois pares de hemoculturas periféricas de locais diferentes e um par de amostras do cateter.
A presença de infecção é confirmada se:
- A cultura do cateter for positiva pelo menos 2 horas antes da cultura periférica.
- A cultura do cateter apresentar pelo menos três vezes mais unidades formadoras de colônias do que a cultura periférica.
Quando devo retirar o cateter venoso profundo?
A remoção do cateter é recomendada nas seguintes situações:
- Instabilidade hemodinâmica.
- Infecção confirmada ou secreção/hiperemia no cateter de curta duração.
- Sinais de embolização séptica.
- Infecção suspeita em pacientes imunossuprimidos ou com próteses valvares/ortopédicas.
- Sinais de infecção no túnel do cateter de longa duração (tunelite).
Em quais casos o cateter de longa duração pode ser mantido?
O cateter de longa duração pode ser mantido nas seguintes condições:
- Paciente estável hemodinamicamente.
- Ausência de sinais de infecção no trajeto do cateter.
- Sem sinais de embolização séptica.
- Boa resposta à terapia antimicrobiana.
- Presença de microrganismos que não exijam a remoção do cateter.
Quais microrganismos exigem a retirada imediata do cateter?
A remoção do cateter é obrigatória quando a hemocultura é positiva para:
- Staphylococcus aureus.
- Staphylococcus lugdunensis.
- Candida spp.
- Pseudomonas aeruginosa.
- Bacilos Gram negativos multi-resistentes.
- Enterococcus spp multi-resistente, especialmente o Enterococcus faecalis.
Cuidados essenciais antes de retirar o cateter
É fundamental garantir um acesso venoso alternativo antes da retirada do cateter, principalmente em pacientes dialisados, que dependem desse acesso para a hemodiálise.
Bases do tratamento empírico para infecção do cateter
Enquanto aguarda o resultado das culturas, o tratamento empírico deve cobrir:
- Bactérias Gram-negativas, incluindo Pseudomonas.
- Bactérias Gram-positivas, como Staphylococcus aureus resistente à oxacilina.
Um exemplo de tratamento seria ceftazidima + vancomicina. Após os resultados das culturas, a terapia deve ser ajustada conforme o antibiograma.
Se for optado por manter o cateter, realizar lockterapia junto com os antibióticos endoevnosos.
Lockterapia é uma solução concentrada de antibiótico mantida no lúmen do cateter, com o objetivo de atingir as bactérias dentro do biofilme formado.
Caso o paciente mantenha sintomas ou hemoculturas persistentes após 48-72 horas de tratamento, retirar o cateter.
Referências
- Clinical Practice Guidelines for the Diagnosis and Management of Intravascular Catheter-Related Infection: 2009 Update by the Infectious Diseases Society of America
- Tunneled hemodialysis catheter-related bloodstream infection(CRBSI); Management and prevention, Michael allon, Daniel J Sexton, Jeffrey S Berns. Uptodate
- Farrington CA, Allon M. Management of the hemodialysis patient with catheter-related bloodstream infection. Clinical Journal of the American Society of Nephrology. 2019 Apr 5;14(4):611-3.
- El Khudari H, Ozen M, Kowalczyk B, et al. Hemodialysis Catheters: Update on Types, Outcomes, Designs and Complications. Semin Intervent Radiol 2022; 39:90.
- O'Grady NP, Barie PS, Bartlett JG, et al. Guidelines for evaluation of new fever in critically ill adult patients: 2008 update from the American College of Critical Care Medicine and the Infectious Diseases Society of America. Crit Care Med 2008; 36:1330.