É preciso retirar um cateter venoso profundo na suspeita de infecção?

É preciso retirar um cateter venoso profundo na suspeita de infecção?
11/10/2024
6 min

Entenda quando retirar um cateter venoso profundo por suspeita de infecção. Avalie as condições clínicas e saiba os cuidados necessários em cada situação.


Quando é necessário retirar?

A remoção depende de diversos fatores, incluindo o tipo de cateter e a condição do paciente.

Avaliar se o cateter é de curta ou longa duração é o primeiro passo para decidir a conduta.

Cateter de curta duraçãoCateteres não tunelizados, como o cateter venoso central e o utilizado para hemodiálise (Shilley), são de curta duração. Estes dispositivos são mais propensos à remoção em caso de infecção
Cateter de longa duraçãoCateteres tunelizados, como o permcath e o portocath, possuem um túnel que ajuda a prevenir infecções, aumentando sua durabilidade. A remoção nem sempre é imediata, especialmente em acessos difíceis

Como confirmar a infecção no cateter?

Para confirmar a infecção relacionada ao cateter, deve-se coletar dois pares de hemoculturas periféricas de locais diferentes e um par de amostras do cateter.

A presença de infecção é confirmada se:

  • A cultura do cateter for positiva pelo menos 2 horas antes da cultura periférica.
  • A cultura do cateter apresentar pelo menos três vezes mais unidades formadoras de colônias do que a cultura periférica.

Quando devo retirar o cateter venoso profundo?

A remoção do cateter é recomendada nas seguintes situações:

  • Instabilidade hemodinâmica.
  • Infecção confirmada ou secreção/hiperemia no cateter de curta duração.
  • Sinais de embolização séptica.
  • Infecção suspeita em pacientes imunossuprimidos ou com próteses valvares/ortopédicas.
  • Sinais de infecção no túnel do cateter de longa duração (tunelite).

Em quais casos o cateter de longa duração pode ser mantido?

O cateter de longa duração pode ser mantido nas seguintes condições:

  • Paciente estável hemodinamicamente.
  • Ausência de sinais de infecção no trajeto do cateter.
  • Sem sinais de embolização séptica.
  • Boa resposta à terapia antimicrobiana.
  • Presença de microrganismos que não exijam a remoção do cateter.

Quais microrganismos exigem a retirada imediata do cateter?

A remoção do cateter é obrigatória quando a hemocultura é positiva para:

  • Staphylococcus aureus.
  • Staphylococcus lugdunensis.
  • Candida spp.
  • Pseudomonas aeruginosa.
  • Bacilos Gram negativos multi-resistentes.
  • Enterococcus spp multi-resistente, especialmente o Enterococcus faecalis.

Cuidados essenciais antes de retirar o cateter

É fundamental garantir um acesso venoso alternativo antes da retirada do cateter, principalmente em pacientes dialisados, que dependem desse acesso para a hemodiálise.

Bases do tratamento empírico para infecção do cateter

Enquanto aguarda o resultado das culturas, o tratamento empírico deve cobrir:

  • Bactérias Gram-negativas, incluindo Pseudomonas.
  • Bactérias Gram-positivas, como Staphylococcus aureus resistente à oxacilina.

Um exemplo de tratamento seria ceftazidima + vancomicina. Após os resultados das culturas, a terapia deve ser ajustada conforme o antibiograma.

Se for optado por manter o cateter, realizar lockterapia junto com os antibióticos endoevnosos.

Lockterapia é uma solução concentrada de antibiótico mantida no lúmen do cateter, com o objetivo de atingir as bactérias dentro do biofilme formado.

Caso o paciente mantenha sintomas ou hemoculturas persistentes após 48-72 horas de tratamento, retirar o cateter.

Referências

  1. Clinical Practice Guidelines for the Diagnosis and Management of Intravascular Catheter-Related Infection: 2009 Update by the Infectious Diseases Society of America
  2. Tunneled hemodialysis catheter-related bloodstream infection(CRBSI); Management and prevention, Michael allon, Daniel J Sexton, Jeffrey S Berns. Uptodate
  3. Farrington CA, Allon M. Management of the hemodialysis patient with catheter-related bloodstream infection. Clinical Journal of the American Society of Nephrology. 2019 Apr 5;14(4):611-3.
  4. El Khudari H, Ozen M, Kowalczyk B, et al. Hemodialysis Catheters: Update on Types, Outcomes, Designs and Complications. Semin Intervent Radiol 2022; 39:90.
  5. O'Grady NP, Barie PS, Bartlett JG, et al. Guidelines for evaluation of new fever in critically ill adult patients: 2008 update from the American College of Critical Care Medicine and the Infectious Diseases Society of America. Crit Care Med 2008; 36:1330.
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