No contexto médico, fragilidade é um estado clínico de vulnerabilidade, com risco aumentado de desfechos negativos, incluindo declínio funcional e mortalidade. Não existe um padrão-ouro para o diagnóstico. A idade em si não define fragilidade.
Do ponto de vista operacional, para identificar fragilidade física, com frequência é utilizada a Escala de Fragilidade do Cardiovascular Health Study (EFCHS, ou critério de fragilidade de Fried ou fenótipo de fragilidade). Por essa ferramenta, fragilidade é caracterizada quando três ou mais critérios são atingidos e pré-fragilidade quando somente um ou dois estão presentes. Os critérios são:
- Perda de peso (≥ 5 kg ou ≥ 5% do peso corporal no último ano).
- Exaustão (resposta positiva a perguntas sobre o esforço necessário para a atividade).
- Fraqueza (diminuição da força de preensão palmar).
- Redução da velocidade de caminhada/marcha (> 6 a 7 segundos para caminhar 4,5 metros).
- Diminuição da atividade física (Kcal gastas por semana: homens gastando < 383 Kcal e mulheres < 270 Kcal).
Outro modelo conceitual de fragilidade é o de acúmulo de déficits. Essa abordagem caracteriza a fragilidade através do acúmulo de doenças, déficits e limitações. Utiliza-se o índice de acúmulo de déficits (também conhecido como índice de fragilidade ou índice de Rockwood), em que várias perguntas devem ser respondidas e, quanto mais déficits, maior a pontuação de fragilidade. Esse instrumento pode ser utilizado para identificar fragilidade pelo prontuário médico, sem a necessidade de avaliar o paciente diretamente.
A identificação de fragilidade impacta na tomada de decisão. Em pacientes com fragilidade, decisões sobre intervenções ou procedimentos invasivos devem ser tomadas após um entendimento claro sobre as metas de cuidado e os potenciais riscos e benefícios ajustados para o estado clínico do paciente.
Referências:
- Allison R 2nd, Assadzandi S, Adelman M. Frailty: Evaluation and Management. Am Fam Physician. 2021.
- Rockwood K, Mitnitski A. Frailty in relation to the accumulation of deficits. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2007.
- Fried LP, Tangen CM, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, Seeman T, Tracy R, Kop WJ, Burke G, McBurnie MA, Cardiovascular Health Study Collaborative Research Group. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2001.
- Buta BJ, Walston JD, Godino JG, Park M, Kalyani RR, Xue QL, Bandeen-Roche K, Varadhan R. Frailty assessment instruments: Systematic characterization of the uses and contexts of highly-cited instruments. Ageing Res Rev. 2016.